back to the future: 40 anos depois no cinema

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Não sou uma pessoa com hábitos de cinema. Acho, até, que este ano ter ido cinco vezes ao cinema é um recorde pessoal que não será facilmente alcançável. No entanto, acho que há filmes que merecem ser vistos numa sala escura, com um bom sistema de som e um ecrã gigante e não numa televisão pequena, num DVD pirateado. Neste caso, nunca iria a tempo de ver Back To The Future num cinema, tendo nascido nove anos depois da estreia, por isso tive de me contentar com os DVDs pirateados que o meu tio fazia chegar lá a casa e que me fizeram conhecer este DeLorean que anda em marcha-atrás no tempo. Só que, entretanto veio a era do revivalismo e, vamos admitir, há algumas vantagens nesta era e poder assistir ao Back To The Future no cinema é uma delas.

Escrito por Robert Zemeckis e Bob Gale no início dos anos 80, Back To The Future tem início em 1985, na Califórnia, com Marty McFly. Marty vem de uma família que, à primeira vista, parece ter falhado e tudo o que ele quer é um futuro bom com a namorada, Jennifer, e, de preferência, com sucesso no meio musical. Um dos amigos próximos de Marty é o cientista Emmett Brown (Doc, para os amigos), que lhe telefona a pedir que se encontre com ele no Twin Pines Mall. Aquilo que parecia mais uma invenção do Doc é, na verdade, uma máquina do tempo criada num DeLorean modificado.

Para que o DeLorean funcione, Doc precisou de roubar plutónio a terroristas líbios e é aqui que as coisas dão para o torto. Os terroristas aparecem, disparam contra Doc e Marty é obrigado a fugir no DeLorean… que o leva até 1955. Como se não bastasse estar em 1955, Marty percebe que não tem plutónio para poder regressar a 1985 e, por isso, precisa de encontrar Doc. O problema é que, pelo caminho, se cruza com a mãe — e todos sabemos que basta mudar algo no passado para todo o futuro ficar comprometido.

Para celebrar os 40 anos desde a sua estreia, o filme voltou ao cinema por um período limitado, no fim de outubro, com uma sessão especial prévia, a 21 de outubro (if you know you know) e foi precisamente a essa sessão que fomos. A sala estava meio cheia, o que achei surpreendente para uma sessão a meio da semana de um filme com quarenta anos, e dividia-se entre pessoas que conheciam a história e outros que estavam a vê-la pela primeira vez. Para mim, esta é a parte mais bonita e também mais interessante.

Acho que todos temos peças artísticas com as quais gostávamos de poder ter novamente contacto pela primeira vez e é uma sensação bonita ver alguém poder fazê-lo realmente pela primeira vez. No caso do Back To The Future há referências, piadas e até os filmes seguintes a moldar a experiência de quem já viu o filme, mas tendo alguém ao lado que não tem a mesma informação que nós temos acho que se cria uma dinâmica muito interessante. Quase lembramos as nossas reações na primeira vez que vimos aqueles filmes também.

Como dizia no início do texto, há vantagens na era do revivalismo, para lá de todo o interesse económico que possa existir. Por um lado, leva-nos ao cinema — ou porque nunca vimos aquele filme, no cinema ou de todo, ou porque o vimos no cinema quando estreou e queremos vê-lo agora, com toda a evolução tecnológica que quatro décadas trouxeram. Por outro lado, também nos volta a pôr em contacto com uma forma diferente de contar histórias, de fazer cinema e até de criar universos ficcionais. Num mundo onde estamos constantemente a ver recriações, continuações e histórias levadas à exaustão, gosto cada vez mais desta ideia de simplesmente valorizar as histórias da forma como nos foram contadas sem ser preciso ter de a adaptar à atualidade ou ter de lhe dar novas vidas. Pelo sim, pelo não, vou esperar pela mesma celebração nos 40 anos do segundo filme.

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