E eis-nos a avançar no nosso desafio de 5 autores para 2025, chegando a julho. Depois de A Mão Que Mata está finalmente na altura de avançar na saga do inspetor Bruno Saraiva. Tenho descoberto que gosto mais de thrillers e policiais no verão. Talvez seja pelo ritmo frenético que habitualmente caracteriza estes géneros literários, tornando-os mais apetecíveis para dias longos.
Com tudo isto, até estava entusiasmada para o segundo volume desta saga escrita pelo Lourenço Seruya. Como tinha mencionado no primeiro livro, houve algumas cenas extra-investigação que achei muito frágeis na sua construção e, por isso, tinha alguma curiosidade extra em descobrir qual seria a evolução que me esperava no segundo livro.
A Maldição traz-nos um cenário dado a superstições: o teatro. O Teatro da Passagem decide voltar a levar a cena A Pedra do Pecado, uma peça que não é encenada há quarenta anos. O problema? Das duas vezes em que foi encenada, a atriz principal morreu na estreia, o que motivou a crença de que a peça está amaldiçoada. Desejosa de algo que salve o seu teatro, Vitória decide arriscar e A Pedra do Pecado está pronta a estrear, com uma família de atores muito famosa do público português. A sala está cheia, mas o ensaio geral correu bem, o que não pode ser um bom sinal. Obviamente, uma das personagens vai morrer em palco.
Admito que fiquei desiludida com as minhas expectativas de evolução. Acredito que A Mão Que Mata e A Maldição tenham sido escritos com pouco tempo de intervalo, o que leva a que não se note muito a evolução entre a escrita de um e a de outro, no entanto esperava mesmo que esta saga tivesse um crescimento linear e isso não aconteceu aqui. A revisão de texto parece-me melhor, mas — propositado ou não — achei o enredo muito novelesco e, por conseguinte, pouco apelativo.
Gostei, isso sim, da forma como o Lourenço continua a deixar-nos pistas ao longo da história para que possamos construir as nossas teorias e tentar descobrir quem é o culpado e o motivo que leva àquela morte. O espaço para desenvolver teorias próprias é algo que aprecio particularmente neste género de livros e noto que o Lourenço consegue facilmente guiar-nos sem nos limitar, algo de que gosto. Só preciso de um enredo que não me pareça tão frágil e acredito que ficarei rendida à escrita dele.
Seguimos para o terceiro volume em setembro.
Título original: A Maldição
Autor: Lourenço Seruya
Ano: 2022, reeditado em 2024
Lido entre 13 e 16 de julho de 2025
Gatilhos: violência, linguagem explícita, luto
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